sábado, 16 de outubro de 2010

Uma análise ponderada, fundamentada e sem sensacionalismo, sobre as Eleições Presidenciais 2010.

Por Mariana Cassab
Profa. da Faculdade de Educação da UFRJ
Rio de Janeiro, 05 de Outubro de 2010

"Prezados alunos até o momento procurei não me posicionar explicitamente quanto às eleições presidenciais, mesmo que avalie que o espaço de formação docente é um espaço de formação política e de que não existe neutralidade. Infelizmente frente à possibilidade do candidato do PSDB retornar ao poder, muito angariado por uma mídia elitista, conservadora e manipuladora (como é o caso da Rede Globo, Revista Veja, Folha de São Paulo e Estadão) não é possível manter-me imparcial. Mesmo que alguns não se alinhem com o governo do PT e que tenham críticas em relação a sua gestão (o que é legítimo), peço que ponderem e se informem acerca do que significará para o Brasil uma retomada do governo PSDB. Penso que um bom caminho para isso é que se faça uma cuidadosa comparação em relação às duas gestões. Minha intenção nesta carta é exatamente essa, comparar dois projetos de sociedade, que a meu ver são muito distintos. Vejamos então:
1) No governo PT foram criadas 214 Institutos Federais Tecnológicos, 10 novas universidades e 45 extensões universitárias. Encampou políticas de contratação de professores e outros funcionários efetivos. Para se ter uma ideia, quando comecei a trabalhar na universidade, em 2004, 60% do Departamento de Didática da Faculdade de Educação da UFRJ era de professores substitutos. Hoje o quadro é totalmente diferente. Houve também, aumento salarial e mais verbas voltadas ao incentivo à pesquisa científica (leiam este artigo publicado na Nature
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17002). Já o governo PSDB desestruturou as universidades públicas. FHC não criou nenhuma universidade, extensão e nem IFES, além de abandonar as instituições federais de ensino existentes. Não foram realizados concursos durante os oito anos de sua gestão. Não houve aumento real do salário de docentes e outros servidores. Não houve incentivo à pesquisa e à extensão e nem bolsas de auxílio estudantil. Eram poucos os professores efetivos e muitos foram estimulados a se aposentar em função das reformas na previdência encaminhadas, ocasionando uma revoada de professores para a iniciativa privada. Perdemos 1/3 dos doutores e mestres que demoram anos para serem formados (http://www.youtube.com/watch?v=wZ8DTdVJ-1k). No caso da UFRJ empossou um interventor como reitor. Neste endereço http://cynthiasemiramis.org/2010/08/17/lembrancas-vida-universitaria-no-governo-fhc/ , a autora faz um relato do que era a universidade na era FHC, meus atuais alunos não estavam ainda na UFRJ, mas é preciso que saibam e perpetuem esta memória. Vale também ler o manifesto dos reitores a favor da política atual: (http://www.uftm.edu.br/upload/noticias/Manifesto_Reitores_22.9.10.pdf) A gestão Serra, no governo de São Paulo, em relação à educação não foi diferente. Tratou os professores em greve com bomba de gás lacrimogêneo. (http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/governo-serra-enfrenta-greve-dos-professores-com-prisao-e-censura.html). O campus da USP foi invadido pela polícia, fato que só aconteceu durante a ditadura militar.
2) No Governo Lula o salário mínimo passou de R$ 200, para R$ 510, um aumento de 155% e aumento real de 53% acima da inflação. Nos governos FHC, o reajuste real acumulado do salário foi de 27,7%, nos governos Lula foi de 71,9 % - antes disso a década de 50 foi a única em que o SM teve ganho real. (
http://www.dieese.org.br/esp/notatec86SALARIOMINIMO2010.pdf e Tabelas e gráficos do Salário Mínimo Real desde 1940 http://www.dieese.org.br/esp/salmin/tabela.zip - fonte: http://juanitocaminero.blogspot.com/2010/10/tres-razoes-de-porque-voto-na-dilma-com.html). Foram 11 milhões de empregos formais criados. O governo FHC criou, em oito anos, apenas 780 mil. Foram R$524 bilhões em investimentos em infra-estrutura, enquanto que na gestão anterior não houve nenhuma espécie de investimento. A política era de privatização e Estado mínimo. Início do governo PSDB a dívida pública representava 38% do PIB, ao final passou para 78%. A carga tributária que era de 27% , passou para 38%. (http://www.youtube.com/watch?v=wZ8DTdVJ-1k).
3) Houve uma significativa distribuição de renda. Nítido aumento da capacidade de consumo da população através de mecanismos de transferência de renda. Ai me refiro a bens básicos. 23 milhões saíram da linha da miséria. Transcrevo a informação obtida no endereço
http://juanitocaminero.blogspot.com/2010/10/tres-razoes-de-porque-voto-na-dilma-com.html : “Fazem parte dessa estratégia o Bolsa família, o aumento do Salário Mínimo, o subsídio à habitação, ao crédito para agricultura familiar, financiamento de implantação de bens de consumo coletivo (como o saneamento). Aliás, a distribuição de renda não é só por estratos sócio-econômicos, mas é também uma estratégia de distribuição da renda no território. Há uma centena de programas que transferem recursos para os municípios interessados em implementar os programas federais. (Assim, há mais controle e coordenação das políticas.) Os dados mais fáceis de acessar são os da melhora na distribuição de renda: o índice de Gini subiu 17%, a renda dos 10% mais pobres cresceu 72%, a dos 10% mais ricos, cresceu apenas 11,2%, o percentual da população abaixo da linha de pobreza caiu de 26% para 14% no governo Lula. Há muitos dados Sobre diminuição da Miséria em: http://www.fgv.br/cps/Pesquisas/miseria_queda_grafico_clicavel/FLASH/ e nos links sugeridos”. 7.200.000 pessoas no campo foram beneficiadas com energia elétrica (durante o governo FHC foram 2.700 pessoas). Foram construídas 4,5 bilhões de habitações populares (no governo FHC, 1,7 bilhões). 12, 5 bilhões foram investidos na agricultura familiar através do PRONAF (no governo FHC apenas 2,5 bilhões). Neste endereço há inúmeros dados comparativos entre as duas gestões: http://lulavsfhc.tumblr.com/ ; http://ilustrebob.com.br/wp-content/uploads/2010/10/Colocando-na-balanca.7a-low-res.jpg; mesmo assim, se vocês ainda não se sentem seguros em relação ao voto em Dilma, - mesmo frente a números tão expressivos que significam muito mais do que números, mas melhorias especialmente para a vida dos trabalhadores e projetos distintos de Brasil -, talvez muito em função dos escândalos relacionados à gestão PT, peço que examinem com cuidado as denúncias de corrupção atribuídas ao governo Lula (exemplo de onde encontrar notícia sobre o assunto: http://www.sejaditaverdade.net/blog2/?p=2182&sms_ss=facebook&at_xt=4ca92deb77d6691b%2C0 ). De preferência dando pouca credibilidade aos meios de comunicação que citei acima. Hoje a internet integra uma rede de sites e blogs muito interessante e diversa e não comprometida com um pequeno grupo de famílias poderosas. Caso estas sejam novas para vocês, é muito importante que passem a conhecer e divulgar (alguns exemplos que conheço são: a) http://www.cartacapital.com.br/ ; b) http://www.viomundo.com.br/ ; c) www.brasildefato.com.br ; d) http://www.conversaafiada.com.br/ ; e) www.cartamaior.com.br e f) http://muitasbocasnotrombone.blogspot.com/). Não podemos esquecer que o PT e o presidente Lula não governam este país sozinho. Para garantir a governabilidade, infelizmente, é preciso fazer algum tipo de concessão (claro que há limites nisso) a partidos e políticos duvidáveis. Não vamos esquecer que o governo se dá nos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e que a questão da corrupção é estrutural e não seria abolida de nossa cultura política em apenas oito anos de gestão. É preciso examinar criticamente a campanha que o candidato do PSDB faz como o “político do bem”. Neste endereço (http://www.consciencia.net/corrupcao/documentos/fhc-45escandalos.html) há uma lista de 45 escândalos relacionados à gestão PSDB. É função do governo garantir que as instâncias responsáveis tenham poder e autonomia para coibir atos de corrupção e punir, o que o governo do PT tem sido bem mais efetivo se comparado à gestão anterior. A polícia federal, por exemplo, efetuou 3000 prisões na gestão PT, contra 80 na FHC. Enfim, aqui discorri sobre alguns dos pontos que me fazem ter a absoluta certeza em relação ao meu voto em Dilma Rousseff, no dia 31 de outubro (o cineasta Jorge Furtado disserta neste artigo sobre dez falsos motivos para não votar em Dilma http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/dez-falsas-raz%C3%B5es-para-n%C3%A3o-votar-na-dilma. Vale ler).
Críticas ao governo do PT devem ser feitas. Mas dentre elas é impertinente dizer que Dilma e Serra, PT e PSDB, são as mesmas coisas. Como acabo de mostrar acima, existem evidentes diferenças entre eles. Nosso voto significa um posicionamento em relação a estas diferenças. Como futuros professores que são, espero que se posicionem ao lado dos trabalhadores, ao lado da universidade pública, ao lado da educação de qualidade e do respeito aos seus profissionais, ao lado de Dilma para presidente do Brasil. "

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